8° RESENHA DE 2019.



O DESERTO DOS TÁRTAROS.




Dino Buzzati Traverso (San Pellegrino di Belluno, 16 de outubro, 1906 — Milão, 28 de janeiro, 1972).
Dino Buzzati foi um escritor italiano, bem como jornalista do Corriere della Sera. Sua fama mundial se deve principalmente ao seu romance - deserto dei Tartari, de 1940, traduzido para português como O Deserto dos Tártaros. Dino Buzzati detém um estilo inconfundível, que não obedece a modas e etiquetas, explorando sempre uma visão fantástica e absurda do real. A sua obra está traduzida em inglês, francês, alemão e espanhol e difundida largamente em todo o mundo.
O escritor serviu ao exército e saiu como sargento. Essa experiência serviu para que escrevesse essa obra-prima antes da Segunda Guerra Mundial. Segundo o autor, o romance veio num jorro, numa madrugada quando voltava do jornal para casa. A ideia aconteceu na monotonia do turno da noite, quando trabalhava no Corriere della Sera, naqueles dias. A sensação da rotina que nunca acabava e consumia a vida do autor fez com que o romance acontecesse rapidamente.
A narrativa nos apresenta Giovanni Drogo, jovem tenente enviado ao forte Bastiani localizado em uma colina totalmente isolada do mundo, onde o Forte é erguido. Um grande deserto, absolutamente isolado de tudo e de todos. A princípio, Drogo nutre grandes expectativas quanto a nova função, pensando no esplendor da carreira, pronto a defender o forte.
Quando Drogo chega no forte, admirado com suas muralhas e sentinelas, cheio de sonhos, o tenente Giovanni Drogo anseia pela glória militar no campo de batalha, e isso nunca aconteceu no Forte Bastiani. Apesar de alguns oficiais de idade tentarem animá-lo dizendo que os tártaros ainda estão lá se preparando para a guerra, e que a melhor atitude é esperar, esperar e esperar. 
Drogo encontra senão um lugar praticamente abandonado, parado. O tenente se vê frustrado, fadado ao esquecimento em um forte onde nada acontece. Entregue a solidão, a monotonia, em uma rotina que nunca termina, Drogo perde-se no tempo, sempre esperando que a qualquer momento o forte será atacado, porém, o ataque nunca acontece.
Esse é um romance filosófico, que fala do tempo, de tudo que perdemos e deixamos de fazer quando somos acorrentados pela rotina contínua de afazeres que desbotam o viço da juventude. Se o romance perde em ação ganha em momentos de reflexão sobre a vida, o que parece familiar para quem já parou para pensar se nós estamos fazendo o melhor uso do tempo que temos na terra. Quem já não se sentiu como o próprio Drogo. Às vezes me vejo como ele, entregue ao meu forte Bastiani, fadado ao esquecimento, diante de almas mortas e olhos cegos. O autor tem uma narrativa fantástica. Esse é aquele livro que ao iniciar a leitura, não dá vontade de parar.





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