5° RESENHA 2020.



                      DIÁRIO DO FAROL.
                 ( JOÃO UBALDO RIBEIRO )
                        302 páginas.

Dos escritores Brasileiros, João Ubaldo Ribeiro é um dos meus prediletos. Esse é o segundo livro dele que leio esse ano. Extraordinário romance, escrito em primeira pessoa. Neste maravilhoso livro temos o relato na forma de um diário da vida deste singular personagem. Esse protagonista narra uma vida sofrida, sua infância é marcada pelos excessos do pai. Fazendeiro austero e autoritário, que mostra uma terrível aversão pelo filho. Criança essa, cheia de traumas, vê sua mãe ser morta pelo pai, o cruel assassinato planejado de comum acordo com a sua amante. Com o caminho livre, a amante vira esposa. Revoltado pelo filho não ser o tipo de pessoa que ele desejava, manda-o para um seminário. O protagonista cresce revoltado pelas atitudes do pai, externa toda essa dor decidido a ser no que há de pior como ser humano, "segundo ele mesmo relata", que devorará a vida para realizar o mal em todas as suas faces - como de fato o fez.
Visitado com frequência pelo espírito da mãe, enterrada debaixo de uma árvore. O agora adolescente seminarista, movido pelo espírito vingativo da mãe, empenha-se na execução de seu plano nefasto. E como ato primeiro, planeja e executa a morte de seus irmãos caçulas, filhos do pai com a nova esposa. A vida do jovem no seminário é cheia de episódios de pura crueldade. Embora, para o olhar de seus superiores parecesse um anjo, no íntimo, comportava-se como um verdadeiro demônio. Fazendo de tudo o que está ao seu alcance para obter seu tão desejado poder em relação aos outros, sempre manipulando fatos e distorcendo acontecimentos para ter vantagens sobre as pessoas que o cerca.
Os anos passam, o agora padre, na sua conduta de maldades e atrocidades, empenhadas em uma busca insana por vingança, desejoso de matar o pai - como fará de forma muito desumana - e também, Maria Helena, uma moça da qual se apaixonou quando estava quase terminando o seminário, mas foi duramente rejeitado por ela, o que lhe trouxe um desejo de vingança tanto quando o que nutria pelo seu pai.
O livro aborda, em determinado momento, a ditadura Militar, mostrando a sua face de tortura e crueldade para àqueles em que o regime considerava comunistas. É neste contexto que o protagonista se envolve, sendo um co-participante de muitas das ações da ditadura. O padre passa exercer dupla identidade - o de padre, como falsa vítima da ditadura, e, de Eusébio - Como era conhecido pelos militares, um colaborador aplicado dos ditadores. O plano de matar o pai e Maria Helena segue seu curso. A narrativa brilhante de João Ubaldo nos mostra o relato de vida de um psicopata muito aplicado e disposto a tudo para completar seu plano maligno.
Meu desejo e de lhes contar o desfecho dessa história, mas, vou deter-me por aqui, apenas dizendo-lhes que não deixe de ler esse livro. O final… Bom… O final certamente te surpreenderá.
Recomendo fortemente esse livro.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

8° RESENHA DE 2019.

11° RESENHA 2020.

2° RESENHA