3° RESENHA.
Sempre aos Domingos reúne 42 crônicas de João Ubaldo Ribeiro, selecionada entre muitas escritas semanalmente, durante o período em que trabalhou para O Globo. Este livro mostra toda a versatilidade de Ubaldo, é mais uma prova do talento deste, que na minha opinião, foi um dos nossos maiores ficcionistas. João Ubaldo sempre se considerou um romancistas, em diversas entrevistas ele dizia que a crônica não era bem o gênero que lhe agrada pela forma que praticava, mas, que fazia por necessidade financeira, entretanto, aqui, Ribeiro se revela um mestre. Cada crônica traz suas marcas mais pessoais, a linguagem tão Brasileira, o humor tão agradável, o texto longo, corrido, marcado pelo ritmo das vírgulas. As crônicas enveredam-se nos mais diversos temas. Política, futebol, sexo, literatura, cada assunto é tratado com inteligência e muito bom humor, tão característicos desse Baiano genial. Algumas crônicas retratam episódios engraçados ocorridos em Portugal, nos EUA. Cada crônica é um espetáculo do seu talento, As tartarugas do cotidiano de um operário das palavras, a copa de 86, lembranças da infância em Aracaju. O prazer de comer bem e o suplício da culinária macrobiótica - essa é minha preferida - A surpresa que teve ao conhecer o poeta Argentino Jorge Luis Borges, que na realidade nunca existiu, o dia em que virou fazendeiro no Arizona. Enfim, cada texto tem um sabor especial, a ilha de Itaparica é um capítulo à parte neste livro, bem como pode se ver retratados personagens, que são na verdade amigos pessoais, como Zé de Honorina, Cuiabá, entre outros. A leitura deste livro foi sem dúvidas um deleite, leitura rápida, prazerosa, livro que ao terminá-lo, temos a vontade de recomeçá-lo a ler novamente.
SOBRE O AUTOR.
João Ubaldo Ribeiro (1941-2014) foi romancista, cronista, jornalista, tradutor e professor brasileiro. Membro da Academia Brasileira de Letras ocupou a cadeira nº 34. Em 2008 recebeu o Prêmio Camões. Foi um grande disseminador da cultura brasileira, sobretudo a baiana. Entre suas obras que fizeram grande sucesso encontram-se "Sargento Getúlio", "Viva o Povo Brasileiro" e "O Sorriso do Lagarto".
João Ubaldo Ribeiro (1941-2014) nasceu na ilha de Itaparica, na Bahia, no dia 23 de janeiro de 1941, na casa de seus avós. Filho dos advogados Manuel Ribeiro e de Maria Filipa Osório Pimentel. Foi criado até os 11 anos em Sergipe, onde seu pai trabalhava como professor e político. Fez seus primeiros estudos em Aracaju, no Instituto Ipiranga. Em 1951 ingressou no Colégio Estadual Atheneu Sergipense. Em 1955 mudou-se para Salvador, e ingressou no Colégio da Bahia. Estudou francês e latim.
Sua formação literária começou ainda nos seus primeiros anos de estudante. Foi jornalista ao lado do amigo Glauber Rocha. Foi um dos jovens escritores a participar do Interational Writing Program da Universidade de Iowa. Formou-se em Direito na Universidade Federal da Bahia em 1962, mas nunca advogou. Em 1963 publicou seu primeiro romance, “Setembro Não Tem Sentido”. Fez pós-graduação em Administração Pública na mesma universidade. Recebeu uma bolsa de estudos para cursar o mestrado em Administração Pública, na Universidade da Califórnia, Estados Unidos.
De volta ao Brasil, João Ubaldo lecionou Ciência Política na Universidade Federal da Bahia, durante seis anos. Em 1969 casa-se com a historiadora Mônica Maria Rotes, com quem teve duas filhas. Separado, em 1980, casa-se com a fisioterapeuta Berenice de Carvalho Botelho, com quem teve um casal de filhos.
Sua segunda obra "Sargento Getúlio" (1971), lhe rendeu o Prêmio Jabuti de Revelação, em 1972. A obra narra a saga de Getúlio Santos Bezerra, sargento da PM que busca a proteção de um político após matar a própria mulher. A obra chegou aos cinemas nos anos 80, protagonizada pelo ator Lima Duarte. Em 1984, ganhou o Prêmio Jabuti com o romance, "Viva o Povo Brasileiro" (1984). O livro, recheado de humor, recria quase quatro séculos da história do país, incluindo episódios marcantes, como a Guerra do Paraguai e a Revolta dos Canudos. A obra foi traduzida para o inglês, pelo próprio autor, ganhando versões em vários outros idiomas. João Ubaldo deixou uma obra mítica e cotidiana, na qual discutia aspectos sociais e políticos, ligados às raízes do Nordeste. Entre seus maiores sucessos estão: "O Sorriso do Lagarto" (1989) que aborda temas como a ambição humana, o amor e as ameaças do mundo moderno, numa história cheia de traições e mistérios. A obra foi adaptada para minissérie da TV Globo nos anos 1990,  Outros campeões de vendas foram: “A Casa dos Budas Ditosos” (1999) e “O Albatroz Azul” (2009), onde conta a história de Tertuliano, herdeiro de um proprietário de terras que teve filhos com duas irmãs. Para não perder a herança, o patriarca precisa se casar com uma delas. Em 1993, João Ubaldo Ribeiro foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, para a cadeira nº 34. Em 2008, recebeu em vida o Prêmio Camões, maior honraria da literatura em língua portuguesa.
João Ubaldo Ribeiro faleceu no Rio de Janeiro, em decorrência de embolia pulmonar, no dia 18 de julho de 2014.
Obras de João Ubaldo Ribeiro
Setembro Não Tem Sentido, romance, 1968
Sargento Getúlio, romance, 1971
Vencecavalo e o Outro Povo, conto, 1974
Vila Real, romance, 1979
Livro de Histórias, conto, 1981
Política: Quem Manda, Porque Manda, Como Manda, ensaio, 1981
A Vida a Paixão de Pondonar, o Cruel, literatura infantil, 1983
Viva o Povo Brasileiro, romance, 1984
Sempre aos Domingos, crônica, 1988
O Sorriso do Lagarto, romance, 1989
A Vingança de Charles Tiburane, infanto juvenil, 1990
Um Brasileiro em Berlim, crônica, 1995
O Feitiço da Ilha do Pavão, romance, 1997
Arte e Ciência de Roubar Galinhas, crônica, 1999
A Casa dos Budas Ditosos, romance, 1999
Miséria e Grandeza do Amor de Benedita, romance, 2000
O Conselheiro Come, crônica, 2000
Dia do Farol, romance, 2002
A Gente se Acostuma a Tudo, crônica, 2006
O Rei da Noite, crônica, 2008
O Albatroz Azul, romance, 2009
Dez Bons Conselhos de Meu Pai, infanto juvenil, 2011

 
 
 
Comentários
Postar um comentário