2° RESENHA DE 2020.



           AS BENEVOLENTES.
JONATHAN LITTELL.
ALFAGUARA 912 PÁGINAS.

Sem dúvidas que esse é um livro extraordinário, cuja leitura é qualquer coisa de desconcertante - para dizer o mínimo. Geralmente, a maioria dos livros que abordam a segunda guerra, nazismo e, principalmente, judeus, sempre trazem o ponto de vista da vítima - do torturado. Este livro é diferente justamente por trazer unicamente a perspectiva do carrasco - o torturador. O jovem oficial da Gestapo, Max Aue. 
A história é narrada por ele, numa espécie de retorno às lembrança, mostra o seu ponto de vista, e é através dos seus olhos que a narrativa vai sendo construída. O tempo todo nos esbarramos em coisas horríveis, fatos, acontecimentos, cenas,  inimagináveis eu diria. Esse foi o livro mais difícil que já li, não por ser de complexo entendimento, mas, pelo conteúdo pesadíssimo e desumano. Outros que o leram tiveram a mesma impressão. Que livro forte, quase que intragável em diversos momentos. Teve dias em que simplesmente parei a leitura, deixei-o de lado para poder respirar, sair um pouco do universo de Aue, de sua mente doentia, para depois continuar com a leitura.
Jonathan Littell faz uma pintura a céu aberto com esse livro, que, foi considerado pela crítica como um segundo guerra e paz. O personagem, Max Aue, narra toda sua vivência e horrores cometidos na guerra, e não o faz com arrependimento, pois ele sabia exatamente o que fazia e em momento nenhum mostra-se arrependido pelos seus atos horrendos.
A sensação que tive lendo a maioria dessas cenas, as batalhas, mortes, atrocidades cometidas, é de como se estivesse lá, vendo tudo.  O título é em homenagem as erínias gregas, que, eram deusas gregas. As erínias, deusas encarregadas de castigar os crimes, especialmente os delitos de sangue, são também chamadas Eumênides, que em grego significa as bondosas ou as Benevolentes, eufemismo usado para evitar pronunciar o seu verdadeiro nome, por medo de atrair a sua cólera. Esse livro faz qualquer outro livro de guerra parecer um gibi.
A cada página, de algum modo o personagem tenta nos passar uma ideia de que tudo aquilo é justificado. Em alguns momentos parece querer nos convencer de certo arrependimento, ledo engano. No decurso do livro, quase ao final, já fica perceptível o declínio de sua sanidade mental. 
As benevolentes, sem nenhuma sombra de dúvidas, é um livro que merece lugar entre seus livros.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

8° RESENHA DE 2019.

11° RESENHA 2020.

2° RESENHA