3° RESENHA DE 2020.
LINHA DE FRENTE.
JOSEPH CONRAD.
153 PÁGINAS / BIBLIOTECA FOLHA.
Linha de sombra é um livro que trata da maturidade, romance escrito em primeira pessoa por Joseph Conrad, ( 1857 - 1924 ) Essa sem dúvidas foi a grande sacada do autor, mesmo porque, a passagem para a fase adulta, é essa linha de sombra que temos que atravessar, e é justamente o que acontece com o nosso personagem neste livro, que narra a história de um jovem que sem motivos aparentes resolve abandonar a marinha mercante inglesa. O jovem está decidido em voltar a sua terra natal, porém, a morte inesperada de certo capitão, o coloca diante da iminência em conduzir um velho barco e seus estranhos tripulantes em uma última missão.
O jovem aceita o desafio, embora a tripulação, ainda muito ligada ao comando do antigo capitão - agora falecido - desacredite de seu novo comandante e suas habilidades. O jovem tem que assumir a voz de liderança, dar ordens, fazer a tripulação acreditar nele. Em mar, começam a aparecer os desafios, o velho barco a vela, dia após dia, vai padecendo frente a constantes contratempos e desventuras. A tripulação começa a adoecer, outros a delirar, contando histórias absurdas em meio a febres altíssimas. Um após o outro são vencidos pela doença, o que faz o jovem capitão quase enlouquecer, desafios que se assomam a cada instante. O capitão está intimamente apavorado com a situação agravante, morrendo de medo de não conduzir o seu barco e homens ao destino proposto, mas, procura não deixar transparecer os medos que o assombra, tendo o desafio pessoal de atravessar a linha de sombra da juventude para a maturidade.
Vemos então surgir outro grande personagem, Ronsome, o cozinheiro do barco, que é aquele tipo que rouba a cena aos poucos. No início ele é apenas o cozinheiro, apagado no quase anonimato de seu ofício na cozinha do navio. Aparentemente o menos preparado, contudo, no desenrolar dos acontecimentos, a cada marinheiro que adoentava-se sendo impossibilitado de ajudar, Ransome aparece, sempre pronto, sempre disponível para o seu capitão. Ele e o capitão são os únicos que não ficaram doentes. O cozinheiro agiganta-se, torna-se perante os olhos do capitão um marinheiro completo, sempre pronto. Por vezes, dando a impressão de quase adivinhar a vontade de seu capitão.
Aquele jovem que no começo desistirá do emprego na marinha mercante inglesa, consegue, depois de três semanas de tormentos e desafios, conduzir a velha embarcação ao seu destino, conduzir seu próprio destino em transformação. Conrad mostra domínio total da psicologia das personagens. Quase sempre no limite de si mesmos. Uma vez mais cito Ransome, que a meu ver, é um personagem brilhante, encanta com sua humildade, disposição e inteligência. É o tipo de personagem que marca o romance, assim como o próprio capitão. Esse é o primeiro livro que leio do personagem, deveras estou encantado com o trabalho dele.
Esse sem dúvidas é um livro que você deve ter.
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