6° RESENHA 2020.
DIZEM QUE CRISTO VOLTOU ESSA NOITE.
( JÚLIO O. ROSA. )
168 páginas.
Em tempos de pandemia, incerteza, medo, especulações acerca do futuro, encontrei esse inenarrável livro de bolso escrito por Júlio O. Rosa.
O livro é antigo, de 1979. Porém, o assunto é por demais atual quanto instigante. Nestas preciosas páginas, Júlio narra de forma magistral as experiências vividas por dois repórteres em meio aos estarrecedores acontecimentos que antecedem a vinda de Cristo.
O protagonista principal da história é o repórter de um dos maiores matutinos da capital ( pag. 9 ). O mundo foi recentemente abalado por acontecimentos inexplicáveis ao repórter Jacques. A imprensa que ainda funciona não se fala em outra coisa.
"Terror e destruição no mundo! Centenas de acidentes rodoviários, ferroviários, aéreos e marítimos, em todos os continentes essa noite!" - "Milhões de pessoas desaparecidas nas últimas horas" - "Parece que chegou o fim para este mundo!" - "Dizem que Cristo voltou essa noite!…" - " Todos os continentes abalados por imensos terremotos e maremotos!" - " Milhões de pessoas mortas continuam insepultas!"
Assim começa o livro, Jacques é testemunha dos fatos, que passa a procurar em meio ao caótico cenários respostas plausíveis. Seu amigo e chefe da equipe de reportagem, Cristão, está entre os desaparecidos, Jacques é o tipo de pessoa que crê timidamente na existência divina, porém, um homem revoltado como sistema religioso de sua época, muitos o descreveria como típico ateu. Na igreja onde o amigo estava, figuravam apenas algumas pessoas, chorando e lamentando por terem ficado. O seu amigo está entre os que misteriosamente desapareceu.
Jacques saiu a procura de respostas para os recentes acontecimentos, alguma coisa que explicassem tamanhas absurdidades. De posse de fitas gravadas de seu amigo que sumiu. O repórter começa a perambular pelas ruas, buscando nos endereços contidos nas gravações da fita, qualquer resposta que fizessem o mínimo de sentido. Em todos os endereços, era a mesma conclusão - pessoas que sumiram sem deixar rastros - . Em cada visita, o repórter que tinha o intuito de obter respostas, ficava ainda com mais dúvida.
À partir da página 77, o livro entra na segunda parte, cujo narrador é o amigo de Jacques. Nesta segunda parte, o narrador, Fernando, conta-nos o depoimento dos últimos fatos ocorridos no mundo antes do misterioso desaparecimento, organizando-os de hora em hora. Essa segunda parte, que é o resultado da gravação de Fernando em fitas, é mostrada por Jacques a fim de tentar compreender o que fato aconteceu. Fernando grava em fitas tudo quanto está acontecendo, hora à hora, tanto o caos social como os estranhos fenômenos meteorológicos. O mundo passa por terríveis transformações, enquanto os chefes de governo estão reunidos em Genebra com um misterioso homem, a qual chamam de novo messias, a fim de tentarem solucionar e organizar o mundo após o caos. Fernando acompanha a missionária Noemi em diversas dessas visitas. Também acompanha a jovem em sua igreja, participando de um culto, onde se converte a Cristo. Fernando agora, após reencontrar sua antiga fé, contínua acompanhando a jovem em diversas visitas pela cidade.
Júlio O. Rosa da à narrativa um tom belíssimo de romance entre Fernando e Noemi, que, em dado momento relembram fatos da infância, de que já se conheciam no passado. Ambos, além do reencontro, descobrem que se amam. O tom romântico dos dois ficou maravilhoso dando certa harmonia ao tom pesado do livro. Os acontecimentos extraordinários ocorrem pelo mundo. Toda a narrativa da segunda parte do livro é a transcrição do que havia nas fitas gravadas por Fernando, até o momento máximo, onde um grandioso acontecimento dá sentido a tudo quanto estava ocorrendo, porém, para Jacques, que ficou para trás, é apenas o início do que será uma dolorosa jornada.
Um belíssimo livro que tive a felicidade de encontrar e reler. Recomendo fortemente a leitura desta magnífica obra.
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